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A Grande Cadeia do Ser Segundo Ken Wilber

  • brandaolenise
  • 11 de jan.
  • 4 min de leitura

Diferentemente das rochas, plantas ou animais, os seres humanos – porque são conscientes – podem potencialmente descobrir a Totalidade, que é parte de tudo o que existe e que está presente em homens e mulheres. Eles podem despertar para o Último. Esse é o fenômeno da transcendência ou iluminação. 

A História é a história do desdobramento da relação entre o homem e a Totalidade Última. Uma vez que essa Totalidade é contígua com a consciência mesma, podemos dizer que a História é o desdobramento da consciência humana (ou das várias estruturas da consciência humana). A História está caminhando em direção a essa Totalidade Última, que é o potencial último da consciência humana. A História, então, é um caminho lento e tortuoso para a transcendência.

Esse caminho segue a chamada Grande Cadeia do Ser, que é uma sequência universal de níveis hierárquicos de crescente consciência. A Grande Cadeia do Ser se move da matéria para o corpo, deste para a mente, desta para a alma e para o espírito. A História se torna, então, basicamente o desdobramento dessas estruturas de ordens sucessivamente mais altas, começando com as mais baixas (matéria e corpo) e terminando com as mais altas (espírito e Totalidade Última).

Assim como a ontogênese recapitula a filogênese, a história evolutiva do homem começou nos níveis mais baixos da Grande Cadeia do Ser, porque essa evolução tinha que recapitular na forma humana todos os estágios primitivos e pré-humanos da evolução. O aparecimento do ser humano, um extraordinário avanço, tinha que assimilar, incluir e, então, transcender os seus antecessores.

Desse modo, os primeiros estágios da evolução humana eram dominados por impulsos sub-humanos e subconscientes. E foi a partir desse estado subconsciente – dominado pela natureza física e pelo corpo animal – que os homens e mulheres eventualmente evoluíram e desenvolveram um modo autorreflexivo e unicamente humano de consciência, conhecido hoje como o ego mental, através de um processo de liberação e diferenciação. Esse foi o primeiro despertar de uma consciência mais individual e a perda de um primitivo sono, o quase paradisíaco estado de imersão em devaneios nos mais baixos níveis da Grande Cadeia do Ser.

A autoconsciência egóica está no meio do caminho entre a subconsciência da natureza e a superconsciência do espírito. A subconsciência da matéria e do corpo abre caminho para a autoconsciência da mente e do ego, que, por sua vez, abre caminho para a superconsciência da alma e do espírito. Este é o grande quadro da evolução e da história, incluindo a história do ser humano. O círculo completo é chamado a Grande Cadeia do Ser.

A forma circular não significa que o primeiro e o último estágio vão em direção um ao outro. Os níveis de 1 a 8 podem ser melhor pensados como progredindo sucessivamente, cada nível mais alto que o seu antecessor, como degraus numa escada. Estão verticalmente hierarquizados e, ainda que em última instância todos eles saiam do Absoluto, são, entretanto, estágios intermediários de retorno ao Absoluto. Não apenas o Espírito em si é o último estágio da evolução, ele é também o sempre presente solo da evolução.

O movimento da natureza para o corpo, para a mente primitiva e para a mente avançada é o mais longe que a consciência humana média evoluiu até o momento na História. Somos evoluídos pela metade. Entretanto, em todos os estágios da história humana no passado, alguns indivíduos altamente avançados conseguiram evoluir consideravelmente além de seus companheiros em aspectos dos níveis mais altos da superconsciência. Esses indivíduos foram os profetas, os santos, os sábios, os xamãs, que descobriram os níveis mais altos de ser através da expansão e evolução precoce de suas próprias consciências.

Nós não apenas estamos nos movendo na direção da Totalidade, nós também emergimos dela e, paradoxalmente, permanecemos sempre no seu abraço.


OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA SEGUNDO KEN WILBER


  1. Urobórico (indiferenciado):

Indiferenciação eu/mundo, funcionamento biológico do instinto de auto-preservação, impulsos ligados a alimentação e trocas físicas com o meio; estágio pré-temporal, associado ao 1º chakra. 

Australopitecos (≈ 5 milhões de anos atrás).


  1. Tifônico (mágico):

O corpo separado do mundo natural, permanecendo magicamente conectado com ele; ego corporal (mente não separada do corpo); funcionamento em processo primário; conexões animistas entre o corpo e a natureza; o ambiente como objeto da consciência; energias emocionais-sexuais e trocas emocionais com o meio; o tempo no presente simples; estágio associado ao 2º chakra e à Grande Mãe.

O homo-sapiens e as sociedades de caçadores (≈ 200.000 anos atrás).


  1. Associativo (mítico):

A mente verbal emergindo do ego corporal; nível intermediário entre o mágico-emocional e o lógico-racional; a linguagem e os símbolos partilhados; trocas verbais; manifestação verbal do processo primário; impulsos controlados em função de objetivos futuros; pensamento paleológico e consciência associativa; o corpo como objeto da consciência; o tempo cíclico; o estágio da Grande Deusa.

As vilas e cidades-estados (≈ 12.000 anos atrás – período neolítico).


  1. Mental (egóico):

O ego possibilitando introspecção, ciência e filosofia mais profundas; a pessoa com pensamentos e sentimentos; o pensamento operacional formal ou lógico; dissociação corpo-mente, instinto-razão, natureza-ego/homem; o super-ego patriarcal com supressão da ctônica Mãe (repressão de energias emocionais-sexuais → corpo desvitalizado); os processos do pensamento como objeto da consciência; o tempo linear, histórico, conceitual; o estágio do Grande Pai.

Três períodos: 2.500 a 500 a.C.

500 a.C. a 1.500 d.C.

1.500 d.C. até os dias atuais.


  1. Psíquico: os xamãs e as habilidades psíquicas.

  2. Sutil: os sábios e os santos.

  3. Causal: não distinção entre criador e criatura; as religiões orientais.

  4. Último: a Totalidade absoluta.


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